segunda-feira, setembro 11, 2006


A confluência das atitudes entre eles aproximou-os para o que iam fazer de seguida. Entraram pela porta de entrada do prédio de um dos estranhos e seguiram para o elevador:
-É bonito o teu prédio. – disse ela.
Pensativo, não lhe respondeu. Ela não se incomodou com o silêncio pois existia a certeza que era aquilo que queria.
Meteu a chave à porta e após um duplo 360 a porta abriu-se libertando um odor suave em muito familiar para ela.
- Faz favor – disse ele aparentando uma cortesia inigualável.
Ela entrou e deparou-se com uma sala bem arrumada, aliás, tudo no seu perfeito local como se tivesse existido um plano para agradá-la. De facto, algo dentro dela começava a assustá-la – a perfeição dos acontecimentos. Começou a ficar nervosa.
- Por favor, põe-te à vontade – disse seguindo para a cozinha de onde trouxe uma garrafa e dois copos.
Ela libertou-se do lenço que trazia por cima dos ombros e sentou-se no sofá branco imaculado que jazia no meio da sala, e pôs-se a contemplar o quadro monocromático que estava na parede em frente – uma cópia reduzida de Guérnica.
- Estas confortável?
- Sim muito. Aliás, até demasiado. Tens uma casa lindíssima.
Silêncio outra vez.
- Este quadro é espectacular.
- Também gosto muito, por vezes sento-me exactamente onde estás e perco-me a olhar para ele. Como se cada vez que olho conseguisse ver algo de novo, algo diferente, nem sempre bom, nem sempre mau, mas sempre muito agradável. Um pouco como a sensação que carreguei durante toda esta noite, ao olhar para ti.

1 comentário:

Anónimo disse...

Guernica é com toda certeza um belíssimo quadro.